quarta-feira, 28 de abril de 2010

P'ra quem é, bacalhau basta!

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A manhã serviu para descançar e planear com calma o dia. Saímos de casa por volta do meio-dia, fomos almoçar a um restaurante perto de casa. Comi um chicharro grelhado com molho à espanhola, o pão que é a minha perdição estava uma maravilha e a companhar uma sumol de laranja, refeição sem vinho porque só com um copinho fico muito valente e penso que a estrada é só minha. Depois do almoço e antes do passeio, fomos ainda levar a Kira a dar uma voltinha, para fazer as suas necessidades e apanhar um arzinho fresco (as necessidades da Kira são apanhadas e postas no próximo caixote do lixo, a ti A. é uma pessoa muito consciente). Depois fomos de metro ao jardim zoológico, andava para lá ir há muito tempo. Não só para ver os macaquinhos, mas para ver como é que os animais lá vivem. Fiquei contente em ver que muitos dos animais têm espaço suficiente. Os ursos deram-me pena, pareciam perturbados. Muito pouco espaço e sem vegetação. Também fiquei impressionada com a quantidade de publicidade espalhada pelo jardim - se assim continuarem um dia chego lá e os macaquinhos andam vestidos com camisolas do benfica enfeitadas com slogans da coca-cola.


O espaço dos répteis é horrível. Tudo mal feito, má qualidade, de um amadorismo incomparável. Em Portugal deixa-se fazer tudo por amadores. Os espaços onde estes répteis vivem, foram feitos com uma falta de dedicação, sem brio nenhum, tudo feito só para ficar feito - muito triste. As "montras" onde estes répteis vivem, foram decoradas sem brio nenhum. Bastava irem à escola António arroio pedir a alguns dos alunos que decorassem estes espaços, penso que não lhes iria ficar mais caro e o resultado não seria tão vergonhoso.


Os jardins zoológicos que visitei fazem estes espaços num brio incomparável. Muitos são de uma perfeição que até parece realidade. Em Portugal não, parece que fazem tudo sobre o mote: "Para quem é bacalhau basta".


As plantas que eles utilizaram para decorar este espaço também me fizeram rir, para não dizer chorar. Só a escolha destas plantas e destes vasinhos da loja dos 3, dá para ver com que amadorismo e falta de brio este espaço foi equipado - quem sabe, ainda podemos nos dar por sortudos eles não terem posto as plantas em latas da Robialac. O tecto cobriram com uma rede camuflada da guerra.

Logo à entrada há uma espécie de lago onde vivem tartarugas. As bordas deste lago têm assim uns boraquinhos que devem já lá estar há uma quantidade de tempo.

Porquê este desmazelo? Uns dizem que é por sermos pobres...

terça-feira, 27 de abril de 2010

O largo do Camões

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Sempre que viajo de Lagos a Lisboa prefiro ir pela estrada paralela ao Atlântico, esta estrada é pequena, insignificante, mas que para mim é o caminho mais agradável que se pode tomar quando se viaja da zona de Lagos a Lisboa e vice-versa. Como não tinha muito tempo para estes deleites, pus-me a caminho de Lisboa pela Auto-estrada. A viagem foi agradável e rápida, tive sorte em não ter encontrado "fotógrafos" pelo caminho. Entrei em Lisboa pela Ponte 25 de Abril - não deu para contemplar a minha cidade preferida porque estas alturas dão-me transtornos. Sempre que atravesso esta ponte e o momento de me decidir qual a saída a tomar chega, entro automaticamente num desespero. Se quero ir para o Rato, saiu na Rotunda, se quero ir para a Amadora vou parar a Algés. É sempre uma confusão, desta vez não me quis chatear e decidi sair quando me desse "jeito" fui parar ao Rato e assim aproveitei para dar umas voltinhas antes de ir ter com a tiazinha A. à Amadora. Fui comprar uma bonequinha de trapos, que já há muito queria comprar e como o atelier do meu amigo Zé Júlio não ficava longe da loja da boneca, dei um saltinho até lá, mas não tive sorte! Ele já tinha se ido embora.



O largo do Camões estava cheio de passantes - cheio de vida, um frenesim que me andava a fazer falta (vivo na província). O alcatrão desta praça continua a descascar-se ininterruptamente a deixar o pavimento antigo ao léu, dá para aperceber-se de que já há uma quantidade de tempo que ninguém fez nada para que este mau-estado tenha um fim. A estátua de Luiz Vaz de Camões, ainda está no mesmo sítio de sempre, direita como um fuso, mas suja de dar nojo, não entendo como há gente que consegue sentar-se aos pés desta estátua - uma lavagem do pedestral da estátua deste grande homem, não lhe faria nada mal - preferia ver esta estátua limpa do que ter a árvore de Natal maior da Europa. Deve ser um charme, ver os aviõesinhos da RedBull a voarem sobre uma Lisboa suja e mal cuidada - será que não haja um amigo dum politico qualquer que tenha uma firma que faça maquinaria limpadora de estradas e passeios?
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Uma foto que ilustra melhor o triste estado dás estátuas da cidade

segunda-feira, 26 de abril de 2010

As minhas primeiras horas em Portugal este ano

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O avião aterrou, as portas foram abertas e quando chegou a minha vez de poder por o nariz lá fora, fui surpeendida por uma brisa amena a perfumada de estevas... uma recepção melhor que esta não podia ter tido. Os locais que queria ver nesta curta estadia em Lisboa não foram todos visitados. O Jardim Robalo Pinheiro, por exemplo, há-de ficar para a próxima. Cheguei na sexta por volta das 9 horas da manhã, fui buscar o carro e em vez de me por logo a caminho de Lisboa, como planeado, dei um saltinho a Lagos para ir comer os meus berbigões da praxe à casa de pasto do Zé Porco. Sempre que lá chego a Dona Fernandinha já sabe o que me irá servir - 3 doses grandes de berbigão; quando a primeira estiver a acabar, ela encomenda logo a próxima para que eu não necessite de esperar. Desta vez abusei tanto daquele pão caseiro maravilhoso, que tive que abdicar da terceira dose. A Dona Fernandinha até hoje nunca me desiludiu; parece que adivinha que vou aparecer e tem sempre "em Stock" os melhores berbigões deste planeta.





As duas fases da minha primeira dose de berbigão

Cumprimentamo-nos sempre como se já pertencessemos à mesma familia, trocamos umas palavrinhas amigas e logo de seguida põe-se a caminho da cozinha para fazer o meu pedido. Fizeram-me tão bem e até fiquei triste por não ter conseguido comer a terceira dose. Depois de ter feito uma visita breve a alguns amigos em Lagos pus-me a caminho de Lisboa. A minha Lisboa está muito diferente, mas continuo a sentir que ela ainda é a minha Lisboa.





A segunda dose

Amanhã continuo. Tornou-se tão tarde... 

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Barracas verticais

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Novas urbanizações crescem dia-a-dia sem cessar. Sempre que viajo por Portugal, vejo por todo lado construirem casas aos molhos, barracas verticais, sem qualquer infra-estrutura e provavelmente incapazes de oferecer um nível de vida digno aos seus futuros habitantes. Muitas vezes estes fogos são erigidos mesmo ao lado de outras urbanizações repletas de andares desabitados e em estado de degradação. Não seria melhor restaurar estas andares já existentes em vez de destruir outros espaços verdes ainda intactos? Porquê continuar a destruir a natureza sem necessidade nenhuma?

Típico de Pedro Penedro da Rocha Calhau ou então só pode ser maldade! Na baixa de Lisboa ou noutros locais da cidade, existem uma enorme quantidade de andares vazios, no entanto continua-se a construir habitações nos mais longínquos subúrbios da cidade, em locais onde encontrar um emprego se torna mais difícil do que acertar em seis números num boletim do totoloto, obrigando assim estas pessoas a terem que se deslocar no seu dia-a-dia do local onde habitam, sujeitas às bichas nas estrada ou a terem que fazer quilómetros em combóios ou autocarros completamente cheios que mais se assemelham a latas de sardinhas em conserva do que a transportes públicos.

Porque será que para os povo português tudo se torna tão difícil?
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terça-feira, 20 de abril de 2010

Vendedor de Flor - em 2009 perto de Lisboa

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Entrei numa loja muito pequena que me pareceu vender aquilo que procurava. A pessoa que estava a atender ao balcão era um indiano que falava português, mas não como língua materna. Fui extremamente bem atendida e o preço não podia ter sido melhor. Quando ía a sair da loja, entra outro cliente que dirige a palavra ao empregado num tom que me deixou perplexa. A pessoa ao balcão extremamente amavél, prestável foi abordada por um indivíduo sem princípios nenhuns - tratava o empregado por tu, numa atitude pedante, de extrema má-educação e de tão baixo nível que me deu pena do vendedor e ao mesmo tempo senti vergonha do comportamento desta criatura tão rude. Perante este cenário não consegui ficar indiferente e preguntei-lhe o porquê desta atitude, a resposta dele: "Bem se vê que nunca saíu de Portugal. Vá primeiro ver o mundo lá fora e depois venha falar comigo..." Adorava saber o que é que se passa nestas cabeças - será que nada, completamente ocas?
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terça-feira, 13 de abril de 2010

Ministério da Cultura, dá esmolas mensais de 11.500 € a um membro duma família portuguesa muito necessitada


Fundação Berardo


Ordenado milionário posto em causa
A nomeação de Maria do Carmo Espírito Santo para a administração da Fundação Colecção Berardo (FCB) está a suscitar perplexidade.

Diversas fontes asseguram ao PÚBLICO que, na semana passada, o cargo até agora inexistente de administrador executivo foi-lhe atribuído. Uma das fontes garante que irá receber mensalmente 11.500 euros, pagos pelo Ministério da Cultura (MC). Outra fonte assegura que Maria do Carmo Espírito Santo foi apresentada ao pessoal como administradora executiva, com horário e gabinete próprio... clicar aqui para ler mais.

Portugal necessitava dum comité de peritos formado por voluntários, sem quaisquer interesses lucrativos e independente de qualquer partido ou instituição (utopia?). Estes teriam como objectivo, analizar e detectar casos de corrupção idênticos a este - certamente iriam encontrar muitos abusos deste género. Pessoas a ocuparem cargos fictivos com ordenados absurdos e injustificáveis. É inaceitável  uma pessoa da família  em questão, andar a "enfiar para o bucho" sem necessidade nenhuma, e  de forma duvidosa  verbas que noutros sítios tanta falta fariam? Como pode ela ter o desplante em desencaminhar mensalmente 11.500 €  para a sua conta bancária, num país onde a maioria dos ordenados são inferiores a muitas rendas de casa? Infelizmente não há nesta terra ninguém que regularize este tipo de fraude.

O cidadão português foi sempre um pobre coitado, nunca usufruiu de privilégios dados como normais por qualquer outra população dum país europeu ocidental. O Zé Povinho foi sempre roubado e o pior de tudo, é que ele deixa-se ser roubado, sem fazer nada contra esta situação, sem exigir melhores condições de vida, conformando-se com o que lhe dão para a mão.

Mesmo em tempos de prosperidade os portugueses comuns (a maioria) foram sempre pobres. Quando ouço portugueses dizerem que têm muito orgulho pela sua nacionalidade, ponho sempre em questão a seriedade desta afirmação. Só podem estar a mentir, ser muito burros ou ignorantes. Muitos adoram destacar de forma enfática a grandiosidade e gloriosa História de Portugal, mas como argumentar então o facto de termos tido uma Hitória tão gloriosa e continuarmos a ser um dos países mais pobres da Europa? Será que este facto é caso para termos orgulho? Eu não tenho orgulho nenhum em ser portuguesa! A única coisa que posso afirmar (infelizmente), é que me sinto portuguesa, e apesar de tanta "pelintrice" não consiguo mudar de nacionalidade.

Perante a nossa situação actual - e de sempre, devíamos de ter vergonha e não orgulho! Sim - V E R G O N H A ! Não por sermos portugueses, mas pelo facto de termos tido a História que tivemos, mas continuarmos a ser o povo mais pobre do mundo ocidental, termo uma péssima assistência médica e social, e os nossos ordenados são tão maus como os de muitos países do terceiro mundo. Isto é de ter vergonha e não dá espaço a qualquer tipo de orgulho. Portugal não precisa de orgulhosos!

Fomos sempre uns sortudos, tivemos sempre um burro-caga-ouro. Primeiro "vivíamos" (os papatudo) das trocas das especiarias do Oriente contra artigos de luxo com países da Europa central. Este negócio lucrativo foi durando até que estes países se tornaram independentes das nossas trocas e baldrocas e puseram-se eles próprios a caminho do Oriente. Espertos como somos, voltámo-nos para o Brasil até que o nosso próprio Rei nos mandou dar a volta, mas como a sorte não nos deixa ao relento, demos conta que ainda tínhamos uns trunfitos nas mangas em forma das colónias africanas. Exploramos este continente até dar. Depois sem o pau do Brasil e os diamantes de Angola vivemos por um tempo em estado de desorientação desolada, até encontrarmos o burro de Bruxelas. Quando este um dia também se fartar de nós, não sei como iremos sair da crise. Ninguém investe, só se fazem grandes centros comerciais, cada um maior que o anterior - mas que economia esta? Só se compra e vende sem que se produza algo? Aonde é que isto irá parar?

É pá! E eu que só queria escrever um pouquinho sobre a sorte daquela Senhora com família muito necessitada... desculpem lá este devaneio...