sexta-feira, 13 de abril de 2012

Coisas do passado?

“Um começou com a nacionalidade, é o português genuíno que forma a base da nação, trabalhando anónima e modestamente em Portugal e no Mundo. Este português encontra-se desde 1812, ano da usurpação liberal, divorciado de todos os governos e abandonado por todos os governantes. O segundo tipo de português, hoje em estado de dormência, que é o corpo físico do Espírito Português, principiou a existir por alturas do reinado de D. Dinis, passando de Nação a Império. Esse português fez a Expansão, criou a Civilização ultramarina e depois foi-se embora. Deambula pelo deserto de Alcácer-Quibir, mas deixou cá alguns parentes. O terceiro é o português que o não é. Começou com a invasão estrangeirada no tempo do Marquês de Pombal. Esta invasão agravou-se com o Liberalismo e tornou-se tirania com esta República. Este falso português é o que forma grande parte das classes altas, certa parte boçal e analfabeta do povo e quase toda a gente das classes dirigentes, sendo ele que desgraçadamente governa o País. Está completamente alheio da Nação em que vive, e que comanda. É, por sua vontade, estrangeirado e muito moderno, vaidoso como ninguém, e um canalha da pior espécie.

Fernando Pessoa, 1912

2 comentários:

  1. Esta terceira classe tem vindo a crescer e evidenciar-se...

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  2. Esta terceira classe, não é o português... é o TUGA!!!

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