quarta-feira, 19 de maio de 2010

Portugal amarikano

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As notícias são apresentadas numa entoação agressiva, o fundo do écran pulsa de informações num frenesim arrepiante, aquilo que o locutor de momento informa, é repetido em forma de texto em baixo, ilustrado com fotos ou filmes no fundo do écran e como se este dilúvio de informações não chegasse, mais abaixo corre um "comboio" de palavras a informar sobre outros acontecimentos que não têm nada a ver com o assunto no momento pelo locutor apresentado. As notícias televisivas em Portugal são superlotadas de informações supérfluas que mais parecem árvores de Natal cheias de bugiganga da loja do chinês. "Qualidade não significa Quantidade", menos é melhor. Será que este espéctaculo é feito de propósito para transtornar o público? Ou a intenção é treiná-los para que neles seja despertado o talento multitasking? As notícias em Portugal são uma imitação rasca das notícias dos Estados Unidos da América. Parece que esquécemo-nos que o nosso país é europeu e não "amarikano". A minha amiga que sofre de epilepsia, e que devido à sua doença, não pode ir a discotecas equipadas com luzes psicadélicas, iria certamente ter um ataque se tentasse assistir às notícias portuguesas. A política portuguesa actual, combina perfeitamente este espectáculo rasca. Tanto estímulo ao mesmo tempo impede a concentração ao essencial. Até nas ruas podemos observar e sentir esta "amarikanização". As sirenes das ambulâncias ou carros da polícia soam como em filmes de Holywood... que saudades do "tiróri"!

A minha intenção não é ofender alguém, mas é a necessidade que tenho em "chamar as coisas pelo nome". Penso que se vivesse em Portugal, observava tudo com outros olhos e nem me apercebia de muita coisa. Para os que tendam ficar ofendidos com a crítica a Portugal, quero que saibam, que as razões pela qual a faço, não é maldade, mas sim, porque acredito que só é possível mudar, quando as circunstâncias em questão sejam debatidas. Já vivo há mais de duas décadas fora de Portugal e muitas das vezes que critico algo no meu país, ouço frequentemente "algumas almas ofendidas" aconselharem-me: "se não gostas, vai-te embora". Se assim tão fácil fosse, já tinha virado as costas ao meu país e mudado de nacionalidade. No dia em que eu conseguir fazê-lo, significa que Portugal é-me indiferente e que as coisas que critíco, passam a ser encaradas como uma expressão folclórica, assim como os turistas o fazem. Nos primeiros postes destes blog utilizei por vezes termos um pouco agressivos e só devido a alguns comentários apercebi-me do peso dessas palavras. Como acabei de dizer, eu sou amiga da crítica e isto porque estou convicta que só ela é capaz de convencer-me que estou no mau caminho, por isso peço-vos: se alguém sentir-se magoado com as minhas palavras, dêem sinal para que tente melhorar-me!
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4 comentários:

  1. Claro que não ofendes. Muitas vezes é precisa uma chamada de atenção para aquilo que para nós se vai tornando habitual e nem reparamos, mas tens razão !
    E eu até sei que, muitas vezes, uma "passagem longa" fora de Portugal faz despertar sentimentos inversos, relativamente ao que nós, cá, achamos mal. Somos nós, cá, que muitas vezes exageramos nas críticas ao que é nosso, julgando que lá fora" é tudo "um mar de rosas" e às vezes não é tanto como isso.
    Fazes bem em chamar a atenção.
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  2. No Teu blogue és livre de dizeres o que quiseres e entenderes.
    (viste a minha explicação do tu e do você)
    Agora foi Tu, mas olha que isto é complicado, em pequenina fartaram-se de me dizer para dobrar a língua lol
    Beijinhos

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  3. Marota, desculpa este "fora do contexto":
    Isa, eu já desisti :)))... Em Portugal como sabe é dos poucos países em que se usa o tratamento de "você" e não "tu" ...mas "no problem" :)))
    Por falar em "dobrar a língua". Estudei uns anos em colégio, a partir da 5ª classe. Havia um salão de estudo depois das aulas e uma senhora a tomar conta. Um dia dirigi-me a ela nestes termos : Dª Fernanda, pode dizer-me por favor, ... e apanhei um valente estalo !
    Ela não me deixou reagir e disse-me só : faça o favor de "dobrar a língua", não é Dª Fernanda, é Srª Dª Fernanda !...
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  4. Subscrevo tudo o que disseste, quando imitamos alguém ou alguma coisa, devemos no mínimo, fazê-lo bem!
    Eu já há muito que me desinteressei da televisão, perdem só tempo com futilidades e no essencial são bastante rápidos.
    Já desisti!
    Um beijinho

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